Vigésimo escrito
A escrita virou outra forma de correr. Eu não corro bem. Não corro pela saúde, pelo físico, pelo peso, pelo condicionamento. Não quero correr mais que 5km (exceto em exceções). Não quero saber sobre corrida, me informar, ler. Só quero correr. Sentir o corpo flutuando na cidade que é minha casa quando corro. Correr pelo barato, pela fissura. Pela catarse. Pela raiva. A escrita virou outra forma de correr. De mim, para mim, sei lá. Não é pra ser bom, não é pra chegar em algum lugar, não é pra ser bonito. Nada do que serve para alguma coisa me interessa. Nada do que se ancora na razão me interessa. Interessa desindexar. Flutuar. Ser o fim em si. Que jamais a forma siga a função. Que jamais eu acredite que existe fronteira entre forma e função. Que haja barato, fissura, catarse e raiva.