Trigésimo quinto escrito parte dois
A verdade é que já não sei mais o que escrever mas sigo com ganas de escrever enquanto Sharon van Etten está recém em sua terceira faixa do disco. Um disco em tons terrosos como tudo aqui em casa, quase tudo. Até os incensos são em tons terrosos. O guarda-chuva vermelho quebra os tons. A cobertinha de microfibra azul largada embolada no sofá também.
(Several of my best friends wear the colors of the ground. Dias de intensidade celebrada com cervejas no Largo da Ordem. Passei antes pelo “e sai de salto por aí” e só depois pelo “descobre o peito”. A distorção da malha do espaço-tempo é pura poesia).
Se com a perda de controle de Pelotas eu compartia o disco da Lítera, com a perda de controle de Campinas compartia o da Tulipa Ruiz. Que não tive mais ganas de voltar a ouvir, diferente dos da Lítera que ainda ouço de quando em quando, assim como os da Vanguart. Não foi com todas elas que tive um disco, mas como é forte isso de ter um disco com alguém.
O que você está olhando? Minha carência está fazendo caretas de novo? Assim, tão exposta desse jeito? Jura? Acho que anda difícil achar meios para fingir que ela não existe, se amostrando por aí sem a menor vergonha na cara, quando tudo o que eu queria mostrar são minhas tatuagens e meus peitos, recém adquirides as tatuagens e os peitos, ao contrário da carência afetiva.
Que vaibe. Bom, ninguém te obrigou a ouvir Sharon van Etten, minha filha. Pessoas adultas têm que bancar suas escolhas. Frase que ando repetindo com frequência excessiva. Talvez por estar fazendo muitas escolhas e nem smepre dando conta de bancar. Acho que paro por aqui e deixo que os tons terrosos deste apartamento, do incenso e do disco me levem para algum lugar.