Caderno de tanto

Décimo sétimo escrito

A Rua Quinze de madrugada e tudo o que podíamos ter sido. A desistência do futuro em nome da defesa de um legado inventado, uma cidade em que parece não haver sangue correndo na veia, pela qual às vezes parece que não vale lutar, talvez mantida viva pelos bairros onde o brilho nos olhos persiste na marra, pela força da raiva, pelo reflexo da infinita camada de mentiras amontoadas expostas todos os dias e carregadas pelos ombros justamente de quem nunca pôde fazer parte dos planos. É por esse brilho de cimento que ainda vale alguma coisa a pena esta imensa maquete de condomínio em que vim me enfiar. Não ia falar de nada disso. Mas acho que é isso que quis ser dito dito hoje. E quem sou eu pra.