Décimo nono escrito
O disco Esja da Hania Rani pra mim é um negócio tão terrivelmente perto da perfeição que até me apavora. Não pode ser colocado pra tocar de forma displicente – é uma escolha séria, um compromisso que requer um tanto de responsabilidade. De respeito. É uma coisa, toda uma coisa. Requer um diálogo com o mundo que evoca. Existe um tipo de céu azul que não é o céu azul no qual pensamos quando falamos ou ouvimos a expressão céu azul. É uma coisa de um azul muito específico. Um fim de tarde em outubro em que o céu está carregado, mas em que talvez não chova, em que se chover é uma garoa molha-trouxa, que traz uma melancolia estranha, que valoriza o amarelo da iluminação noturna na hora do lusco-fusco, um azul triste e bonito. Esja é dessa cor.